... É gente activa, é família unida, por uma aldeia, por uma paixão, e para toda a vida . Unida por um passado que se vive presente, e por uma tradição que tanto encanta e se sente. Neste blog se honra a história da família Valente, e de todos os que amam a sua terra-mãe: Santana de Cambas. Aqui ficam para sempre as imagens e estórias tornadas História, para que sejam revisitadas em sorrisos e lágrimas, de amor e de saudade.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Baú de fotografias

Resolvemos abrir o baú de fotografias:


Conhecem? Esta foto terá mais de 35 anos...
Há muitas mais no baú... que vamos colocando aqui de quando em vez.
Saudações, até breve!

De pequenino...



São estes os mais novos representantes da família nas festas deste ano.
"É de pequenino que se começa a gostar da aldeia".

Sabe sempre a pouco.

Pois é, e já se passaram as festas da aldeia. Sabe sempre a pouco, muito pouco, e por muitos anos que passem é sempre difícil não esconder aquela pontinha de tristeza, como que um nó na garganta, quando chega o domingo e a hora de abalada.
Para quem não esteve presente, assim vos digo que foram umas grandes festas... apesar de curtas. Ou melhor, foram curtas mas grandes. Primeiro que tudo, confesso que tenho saudades de algumas coisas do antigamente... Ai as festas de antigamente... Lembro-me da torre da igreja sempre iluminada, e que fazia a nossa terra ainda mais linda... e tão bela para quem a vê ao longe... Lembro ainda o fogo de artifício (ou apenas a alvorada com morteiros, já seria bom de ouvir), mas que agora é proibido. Lembro-me da mítica largada de vacas na rua da escola e não só (e já lá vão tantos anos... alguém se lembra?), recordo as provas de atletismo até à santinha, as corridas de sacos, as peladinhas de solteiros contra casados (pois é, e agora onde era o saudoso campo de futebol existe agora uma rua inteira, com casas e tudo!). Até dos saltos de paraquedistas me lembro ainda...
Lembro-me também, aquando da procissão pelas ruas da aldeia, que toda a gente punha uma colcha nas janelas para engalanar o evento... e os automóveis eram religiosamente (desculpem o termo...) retirados das ruas por onde passava a romaria, para evitar afunilamentos, mas sobretudo em sinal de respeito pelos santos e seus fiéis. Outros tempos...
Enfim... eram tempos de vacas gordas, ou melhor, de quando havia vacas. Hoje tudo é diferente, umas coisas estão melhores, outras estão piores, outras já não existem sequer. A aldeia está bem mais bonita, com suas ruas arranjadas, com cada vez mais casas reconstruídas, pintadas, vivas, e com gente. É bom ver o museu no adro (um museu na aldeia... alguém pensou que um dia isso iria acontecer?) e a casa do povo arranjada, com muitos serviços e muito activa, com internet wireless (uái quê? wireless, sem fios!) onde se pode aceder a toda a hora.
Sei e confirmei que se vai fazendo o que se pode, e até o que não se pode, para trazer à aldeia a festa e a dignidade que ela merece, não só nestes dias, mas durante o ano inteiro. Pegando numa frase muitas vezes ouvida por lá e não só: "o artista é um bom artista". Mais digo que os artistas foram uns bons artistas: os artistas da festa e sobretudo os artistas que a fizeram.
Bem, e para o ano há mais: faltam 362 dias.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Já se vê a cabeça dela!

Recordo com alguma nostalgia esta frase que meu pai nos dizia, sempre que estávamos chegando a Santana. Quase chegando, depois de uma longa e penosa viagem, quando o carro passava o cruzamento da Moreanes, era lá do alto, uns metros mais à frente, que se avistava a torre da igreja:
- Olhem, já se vê a cabeça dela!
Emoção. Meu coração disparava em seguida, de tanta ansiedade e vontade de chegar. De olhos bem abertos, tentava a todo o custo ver pela janela do carro a aldeia de Santana de Cambas, por entre os altos e os baixos cerros e os altos e baixos da estrada. Queria abraçar Santana apenas com um olhar. E sentia que sim, na altura. Abria então a janela e respirava com um sorriso rasgado o ar do caminho.
Muitos anos se passaram. O meu pai continua talvez a dizer essa frase sempre que vai chegando à aldeia. Diz para a minha mãe, a seu lado, ou apenas murmura para só ele ouvir. Acredito que é assim.
Nestes anos todos acho que nunca me esqueci de lembrar esta frase. Disse-a para mim mesmo muitas vezes, quando viajava sozinho para Santana, e digo-a agora, enternecido, à minha mulher e ao meu filho. Meu filho di-lo-à, de certeza, daqui a uns anos, com a mesma alegria e ansiedade:
- Olha pai, já se vê a cabeça dela!
E vai querer, como o pai, sair logo do carro à entrada da aldeia e ir a pé pelas ruas. Depois, horas depois, lá terei de o procurar pela aldeia, pois esquecer-se-à que são horas de jantar...
Porque há coisas que nunca mudam. A chegada a Santana aperta-nos o coração e aumenta-nos em felicidade. Assim foi no passado, assim é agora e creio que será sempre assim.
Amanhã parto para Santana. Amanhã direi enfim, com toda a alegria deste mundo:
- Olha filho, já se vê a cabeça dela!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Museu do Contrabando em Santana de Cambas

Para quem anda desactualizado:

Foi inaugurado no passado dia 10 de Junho o Museu do Contrabando em Santana de Cambas.  Localizado no antigo edifício da Autarquia, o museu deseja ser repositório de um manancial de informação, sobretudo oral, que importa salvaguardar e divulgar. O museu foi criado com o objectivo de mostrar uma parte da história da Freguesia, mas também para aproveitar o seu património histórico e cultural como um recurso que poderá trazer riqueza e desenvolvimento.

Fonte: www.mertolaonline.com

Acrescento que é o primeiro museu deste género em Portugal.  Merece por isso, e também porque representa uma boa parte da nossa história, uma visita atenta.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Santana de Cambas: Freguesia tem "meia" Igreja

Alentejo: Padre reza missa num concelho para fiéis sentados noutro

Numa povoação alentejana dividida por dois municípios, a “velhota” Patrocínia Guerreiro entra em casa em Serpa e sai pelas traseiras já em Mértola e o padre reza a missa num concelho para fiéis sentados no outro.

“A minha casa é especial. A porta da frente está no concelho de Serpa e a de trás já está no de Mértola”, contou à agência Lusa e entre risos a idosa, de 74 anos, que mora numa das casas construídas em cima da linha que traça a divisão administrativa entre aqueles concelhos do distrito de Beja e que atravessa a povoação de Vale do Poço.

Encostada à Estrada Nacional 265 e a poucos quilómetros da aldeia da Mina de São Domingos, a povoação, com cerca de 100 habitantes, estende-se por seis hectares, metade dos quais pertence à freguesia do Salvador, no concelho de Serpa, e a outra à de Santana de Cambas, no de Mértola.

Sentada na cozinha, onde passa “a maior parte do tempo” entre bordados, “a entretenga dos dias”, Patrocínia confessou que “nunca viu a partilha da casa”, que está registada e paga contribuição autárquica em Serpa, mas “desconfia” que “a salinha de estar, que dá para a frente, deve ser Serpa”, a cozinha, no meio, deve ser “a fronteira”, e “o quarto, que dá para as traseiras, já deve ser Mértola”.

“Ao que parece”, Patrocínia, antiga “mulher do campo” que vive sozinha e “anda sempre bem-disposta”, entra em casa pela porta principal ainda no concelho de Serpa, cozinha e come “na fronteira”, mas dorme e sai pelas traseiras já no de Mértola.

A poucos metros da casa de Patrocínia, a capela de Vale do Poço, inaugurada em 2001, também foi construída em cima da linha da divisão administrativa entre os dois concelhos e, apesar de estar “quase toda” na freguesia do Salvador, “tem o altar na freguesia de Santana de Cambas”.

Por isso, “é costume dizer-se, em jeito de brincadeira, mas com um fundo de verdade”, que, em Vale do Poço, “o padre reza a missa em Mértola para os fiéis sentados em Serpa”, contou à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Santana de Cambas, José Rodrigues.

A Capela de Santo António faz parte da paróquia de Santana de Cambas, mas é servida por dois padres, um de Serpa e outro de Mértola, que rezam missa, uma vez por mês cada um, e prestam assistência religiosa a baptizados, casamentos e funerais, “conforme são chamados pelas pessoas”, disse à Lusa Hortênsia Ramos, 77 anos, uma das mulheres da povoação que “cuida” da capela.

Num regresso ao passado, José Rodrigues justifica a “particularidade” de Vale do Poço, contando que a povoação “cresceu à volta” de duas fábricas de moagem de cereais que se instalaram na zona, no início dos anos 30 do século XX.

Em pleno Estado Novo, durante a Campanha do Trigo (1929-37), as fábricas, “para fugirem ao imposto que tinham de pagar quando transportavam cereais de um concelho para outro”, “instalaram-se de propósito em cima do risco da divisão administrativa e com uma porta para o lado de Mértola e outra para o de Serpa”.

Desta forma “engenhosa”, frisou José Rodrigues, “as fábricas moíam e serviam de trampolim para passar os cereais de um concelho para o outro sem pagar impostos”.

Para os habitantes, a “particularidade” de Vale do Poço “tem sido mais vantajosa do que prejudicial”, frisou o autarca, referindo que a povoação “foi a primeira dos concelhos de Mértola e de Serpa a ter saneamento básico e ruas alcatroadas”.

Graças a um entendimento entre os autarcas, alcançado em 1997, a Câmara de Mértola instalou a rede de abastecimento público de água e de esgotos e a de Serpa fez os arruamentos, lembrou José Rodrigues, acrescentando que há seis anos as duas autarquias organizam também em conjunto uma feira anual transfronteiriça.

Apesar de os autarcas das duas câmaras e das duas juntas serem de forças políticas diferentes, “o entendimento é perfeito”, garantiu José Rodrigues (PCP), corroborado pelo presidente da Junta de Freguesia do Salvador, Mário Apolinário (PS), que, frisou, “a administração de Vale do Poço é feita em parceria” e “as obras necessárias, sejam em que freguesia for, são feitas em conjunto”.

A obra mais recente, que permitiu recuperar, em 2005, os balneários públicos e construir a “casinha de espera do autocarro”, situadas à entrada da povoação, “foi feita com materiais cedidos pela junta do Salvador e com mão-de-obra paga pela de Santana de Cambas”, exemplificou José Rodrigues.

Apesar da naturalidade e da residência, salientou José Rodrigues, “a maior parte das pessoas virou-se para Serpa”, porque “fica mais perto, tem melhores serviços de saúde e mais oferta de serviços” e devido à “facilidade de transporte”, já que “há dois autocarros por dia entre Vale do Poço e Serpa e apenas um por semana para Mértola”.

Em Vale do Poço, com ruas sem nome e casas sem números de porta, foram criados 118 apartados, metade para os habitantes de cada freguesia, mas todos com código postal de Serpa, que distribui o correio.

Uma situação que “tem causado alguns inconvenientes” aos habitantes, sobretudo aos de Santana de Cambas, quando apresentam atestados de residência passados por aquela junta de freguesia de Mértola, mas com morada com código postal de Serpa.

“As pessoas lá têm que explicar a particularidade de Vale do Poço”, disse José Rodrigues, referindo ainda os “inconvenientes” dos habitantes de Santana de Cambas quando vão ao Centro de Saúde de Serpa.

“São atendidos, mas há sempre o problema da freguesia, que pertence a Mértola”, disse, referindo que “o ideal seria a povoação estar num só concelho”.

“Mas isso implicaria fazer um referendo para saber em que concelho os habitantes gostariam de ser integrados e, depois, mexer na linha de divisão administrativa entre os concelhos para Vale do Poço ficar só num”, disse, admitindo que “a maior parte das pessoas e os autarcas não estão muito receptivos à ideia”.

“Resta-nos, como até agora, ir gerindo o melhor possível a particularidade de Vale do Poço”, que “já se tornou indiferente para os habitantes, que estão de tal forma habituados que nem ligam”.

“Fazemos de conta que somos todos do mesmo concelho. Olhe, somos todos de Vale do Poço”, remata Patrocínia Guerreiro, que vai continuar a “passear” entre os concelhos de Mértola e Serpa sem precisar de sair de casa.

Fonte: Agência Lusa – Setembro 2008

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Cartaz

E cá está o cartaz das festas de Santana 2009:

(clique na imagem para ver num formato maior)

Fonte: site da Casa do Povo de Santana de Cambas

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Aí vêm as Festas!

Faltam pouco mais de três semanas para as festas de Santana de Cambas.

Muitos há que contam ansiosamente os dias que faltam (e eu conto e digo: faltam só 24!).

Muitos até aguardam por ela o ano inteiro, o que se traduz numa incessante contagem de 364 dias. É como se o último fim de semana de Julho fosse o início e o final do ano no nosso calendário.

Outros há que, à distância, vivem esses dias com a nostalgia do passado e o pesar por não poderem estar presentes este ano, mas sempre com a esperança de, talvez quem sabe, poderem vir no ano que vem, se o destino permitir.

Lembro-me que, quando era criança, aí começavam os melhores dias do ano: as festas da aldeia representavam não só a alegria desses 3 dias, mas o início do longo período de férias (e que no final, vendo bem, é sempre curto!). Agora adulto, confesso que pouca coisa mudou. Nada mudou mesmo quanto à ansiedade:  claro que já não posso ir correr até à santinha na prova de atletismo no sábado pela manhã (acho que perdi a idade e ganhei a barriga) e não posso também participar na corrida de sacos (pelos mesmos motivos, mas mais pela barriga que pela idade). Resta-me talvez jogar uma partida de futebol (acho que aguento, pelo menos, 2 minutos à Cristiano Ronaldo), ou tentar ganhar um jogo no torneio da Sueca ou no tiro ao alvo… (para tudo neste mundo é preciso sorte e pontaria). Mas a minha ansiedade reside e permanece em tudo o resto: em participar em qualquer coisa, com barriga ou não, em contribuir para a festa, em dançar, em celebrar, em ver a nossa aldeia mais linda e remodelada de ano para ano, em ver e sentir a alegria da família e das gentes da terra, esta terra que nesta altura desponta em felicidade, sejam estes ou não uns tempos difíceis.

Não tenho ainda o programa das festas… (será que alguém pode enviar?) Mas não será com certeza muito diferente dos anos anteriores. Pelo menos assim espero: tal como no futebol, em equipa que ganha não se mexe. Serão certamente mais umas grandes festas, cheias de alegria e emoções que nos dão alento e força para o resto do ano. Para mais um ano inteiro.

Dias 24, 25 e 26 de Julho - Faltam 24 dias, portanto.

Para quem não puder estar este ano, ou para quem não sabe ainda como será, prometemos aqui contar-vos depois como foi. Certo é que sentiremos a vossa falta.

Com um abraço,

A Geração Valente