Pois é, e já se passaram as festas da aldeia. Sabe sempre a pouco, muito pouco, e por muitos anos que passem é sempre difícil não esconder aquela pontinha de tristeza, como que um nó na garganta, quando chega o domingo e a hora de abalada.
Para quem não esteve presente, assim vos digo que foram umas grandes festas... apesar de curtas. Ou melhor, foram curtas mas grandes. Primeiro que tudo, confesso que tenho saudades de algumas coisas do antigamente... Ai as festas de antigamente... Lembro-me da torre da igreja sempre iluminada, e que fazia a nossa terra ainda mais linda... e tão bela para quem a vê ao longe... Lembro ainda o fogo de artifício (ou apenas a alvorada com morteiros, já seria bom de ouvir), mas que agora é proibido. Lembro-me da mítica largada de vacas na rua da escola e não só (e já lá vão tantos anos... alguém se lembra?), recordo as provas de atletismo até à santinha, as corridas de sacos, as peladinhas de solteiros contra casados (pois é, e agora onde era o saudoso campo de futebol existe agora uma rua inteira, com casas e tudo!). Até dos saltos de paraquedistas me lembro ainda...
Lembro-me também, aquando da procissão pelas ruas da aldeia, que toda a gente punha uma colcha nas janelas para engalanar o evento... e os automóveis eram religiosamente (desculpem o termo...) retirados das ruas por onde passava a romaria, para evitar afunilamentos, mas sobretudo em sinal de respeito pelos santos e seus fiéis. Outros tempos...
Enfim... eram tempos de vacas gordas, ou melhor, de quando havia vacas. Hoje tudo é diferente, umas coisas estão melhores, outras estão piores, outras já não existem sequer. A aldeia está bem mais bonita, com suas ruas arranjadas, com cada vez mais casas reconstruídas, pintadas, vivas, e com gente. É bom ver o museu no adro (um museu na aldeia... alguém pensou que um dia isso iria acontecer?) e a casa do povo arranjada, com muitos serviços e muito activa, com internet wireless (uái quê? wireless, sem fios!) onde se pode aceder a toda a hora.
Sei e confirmei que se vai fazendo o que se pode, e até o que não se pode, para trazer à aldeia a festa e a dignidade que ela merece, não só nestes dias, mas durante o ano inteiro. Pegando numa frase muitas vezes ouvida por lá e não só: "o artista é um bom artista". Mais digo que os artistas foram uns bons artistas: os artistas da festa e sobretudo os artistas que a fizeram.
Bem, e para o ano há mais: faltam 362 dias.
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