... É gente activa, é família unida, por uma aldeia, por uma paixão, e para toda a vida . Unida por um passado que se vive presente, e por uma tradição que tanto encanta e se sente. Neste blog se honra a história da família Valente, e de todos os que amam a sua terra-mãe: Santana de Cambas. Aqui ficam para sempre as imagens e estórias tornadas História, para que sejam revisitadas em sorrisos e lágrimas, de amor e de saudade.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo!






"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. 
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente"

de Carlos Drummond de Andrade.



Um bom ano de 2010 para todos! Com muita fé e uma esperança renovada, e que em cada ano que passa se fortaleçam ainda mais os laços desta grande família.

Com um abraço,
d' A Geração Valente

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

É Natal





É Natal! A própria palavra nos enche logo de alegria. Não importa o quanto tememos as pressas, a listas de presentes ainda por comprar ou as felicitações que nos fiquem por fazer. Porque o Natal é alegria, é família. É estarmos juntos! É sentirmo-nos bem próximos, mesmo daqueles que estão longe de nós. E é sentir esse amor como nunca, e viver e partilhar os pequenos momentos que o preenchem: um sorriso, um olhar, um beijo, um abraço, um momento, ou um sentimento. Natal é tempo de recordar o nosso passado, de passar aos mais novos o melhor das tradições. É acreditar. É tempo de darmos mais valor ao que temos no presente e de alimentar o futuro com esta nossa inabalável esperança.
No Natal acabamos por sentir o mesmo calor que sentíamos quando éramos meninos, o tal calor que nos envolve o coração, nos aquece e nos conforta e nos faz reviver e sentir de novo crianças. Felizes. Deixem pois que essa criança que habita nos vossos corações comande também neste Natal as vossas vidas. E já agora... que possa ser sempre assim.
Com os votos sinceros de um Santo e Feliz Natal,
A Geração Valente.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

E o tempo passa depressa




Porque hoje é um dia bem especial para ele, recordamos aqui uma das fotos tiradas no primeiro convívio da família. Parabéns ao sexagenário! Que a vida perdure e a viola te acompanhe por muitos mais anos.
Um abraço,
A Geração Valente.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Então será mesmo no Grémio?


Já falta menos de um mês para terminar a votação sobre qual o sítio onde deverá ser realizado o nosso próximo convívio. A data já temos (recordamos que será no dia 1 de Maio de 2010) e quanto ao local, segundo a opinião já expressa pela família, o Grémio em Santana de Cambas está em clara vantagem, com mais de 83% dos votos. Mas como até ao recolher dos cestos é vindima, vamos aguardar pelo resultado final da votação para depois tudo fazermos para poder concretizar essa vontade, que será a vontade de todos nós. Ou de quase todos.
Se ainda não o fez, vote ou acompanhe a votação aqui no nosso blog.

Votos de uma boa semana,
A Geração Valente

Do outro mundo (parte 4 - última)



Estava só. O pânico apoderou-se de mim, não sei se pela minha solidão, se por não saber onde estariam os meus três companheiros. À medida que voltava a apoderar-me de mim reparei que estranhamente me doía o corpo, dormente, como se tivera despertado de um coma profundo. Talvez o pânico, talvez. Ou talvez não. A noite continuava escura, e tentei-me guiar pela lua para tentar perceber onde estava. Reconheci as árvores à minha frente. Eram as mesmas, embora as tivesse a ver numa perspectiva diferente. Para lá das árvores reconheci lá ao longe as luzes de Santana. Percebi então que estava na ponta mais distante da floresta, lá no alto do monte, de costas para a ribeira do Chança. Consegui por fim encontrar forças suficientes para começar a girar sobre o meu corpo e a chamar pelos outros, numa angústia profunda e numa vontade tremenda de que isto não passasse de um sonho. Um ruim pesadelo. Mas infelizmente o que nos tinha acontecido era bem real. 
Corri pela orla das árvores, sempre gritando e chamando pelos outros. Caí uma e outra vez com a pressa e o desespero de não ter resposta. Aos poucos fui ouvindo outros gritos, que pensei seriam o eco dos meus, mas a cada passo que dava conseguia enfim distinguir outras vozes, gritando também e chamando por mim. Nos gritos distingui então o meu nome. Alguém me procurava tambem, e suspirei enfim de alívio quando vi ao longe um vulto correndo na minha direcção: era um dos meus companheiros. 
Abraçámo-nos fortemente, como se não nos víssemos há anos, e logo juntámos a nossa voz e nosso esforço para chamar pelos outros. Aos poucos fomos ouvindo então as outras vozes em desespero, e nossos gritos serviam de guia e de orientação para que eles seguissem na nossa direcção. Por fim unimo-nos num abraço repetido, ainda meio anestesiados por toda a situação que vivemos. Estávamos juntos, de novo. 
Não falámos muito desse momento e do que teria acontecido. Apenas rumámos absortos para casa e tentámos dormir, mas para todos foi em vão. Naquela altura não falámos sobre isso com ninguém e, passados todos estes anos, julgo que contámos esta história a meia dúzia de pessoas mais próximas. A verdade é que sempre soubémos que ninguém iria acreditar. 
No instante imediatamente a seguir ao enorme clarão de luz que todos presenciámos, démos conta de que estávamos sós, cada um de nós em cada ponta da floresta. Seria impossível, sabemos, isso ter acontecido devido a factos “normais”. Não nos perderíamos assim uns dos outros, embora a escuridão dessa noite pudesse desorientar-nos um pouco. A verdade é que num momento estávamos bem juntos e no segundo seguinte estávamos separados por uma distância tal que nenhum de nós ouvia o nosso gritar.
Acredito em fenómenos paranormais. Acontecem. Acredito em extraterrestres também, bastando-me a ideia de que se num universo tão grande só houvesse vida na Terra, seria realmente um enorme desperdício de espaço. Mas daí a virem-nos visitar, acho também que seria um enorme desperdício de tempo para eles. No entanto aquela noite marcou a minha vida e mudou a minha forma de encarar o mundo. Este mundo em que vivemos e os outros mundos que sei agora que existem, e que é onde os outros vivem. 

NDR: Tirando alguns pormenores meramente fictícios e que foram colocados apenas para dar consistência a alguns detalhes que já estão um pouco esquecidos, esta história é verdadeira e passou-se em Santana de Cambas, em Agosto de 1993. Os intervenientes desta história, por coincidência ou não, somos nós mesmos, os primos que criaram este espaço da Geração Valente. Continuamos a pensar que ninguém acredita na nossa história, mas a verdade é que os anos vão passando e, como este é um espaço que pretende preservar também as histórias da família, julgámos que seria este o lugar e esta a altura ideal para deixar aqui este nosso legado. Quem sabe um dia alguém acredita?

Com um abraço,
A Geração Valente

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Do outro mundo (parte 3)




Caminhámos mais uns quantos metros junto ao muro do cemitério e subimos depois por um caminho algo apertado, sito entre o muro e a rocha escavada, deixando para trás a velha calçada e seguindo descontraídos por esse trilho estreito e feito de terra e que logo depois se alarga e nos leva até ao cimo do monte, lá depois de um grande aglomerado de árvores, que em miúdo eu chamava de floresta. Cimo do monte. Era esse afinal o nosso destino. 
O cemitério ficava agora atrás de nós, imponente com a sua quietude e calma imutáveis. À medida que íamos subindo podíamos apreciar de novo a aldeia ao longe, agora à nossa direita, e tive a sensação que nunca me pareceu tão bela como então. Vista dali, àquela hora, Santana de Cambas era um autêntico presépio, com suas luzes difusas espalhadas por toda a aldeia, as suas casas rasas singelas e todas arrumadas umas nas outras subindo ordenadas até à igreja, lá bem no alto, iluminada no topo com luzes de várias cores. 
Seguíamos então lado a lado, agora com um passo mais demorado, continuando distraídos com as nossas conversas de sempre. A lua estava agora diante de nós, misturada entre milhões de estrelas e prestes a perder-se por entre as densas árvores lá no alto. Foi nesse preciso instante que ouvimos… 
- CRRRRRRR… 
Um ruído estridente e metálico atrás de nós, foi tão intenso que demos um salto para o ar despertando do torpor e começámos a correr desalmadamente pelas nossas vidas, só parando bem lá mais à frente, por detrás de um largo sobreiro que usámos como única protecção e abrigo. Estávamos ofegantes e tão confusos e nervosos que olhámos uns para os outros de olhos bem abertos e comecámos a rir, ainda com as mãos nos joelhos e tentando recuperar o fôlego. – Mas que raio foi aquilo?… 
Não compreendendo o que se tinha passado, espreitámos a medo agora lá para baixo, de onde o barulho surgiu. Aquilo que tinhamos ouvido, e que durou uns quantos segundos, foi como se algo enorme e metálico tivesse caído vertiginosamente do céu, lá do outro lado do cemitério, e se aproximasse logo em seguida de nós, aos solavancos, em fúria, trazendo tudo atrás de si. Contudo observámos atentos em redor e nada vimos de suspeito. Não se via vivalma. Tudo à volta do cemitério continuava calmo e silencioso, como se nada se tivesse passado. Nem ruido, nem fumo, nem movimento. Da aldeia ouviam-se agora alguns cães uivando à lua, mas a paz continuava bem presente naquele lugar e em tudo à nossa volta. 
Só dentro de nós a paz não regressou mais. Ao acalmarmos um pouco reparamos que estamos afinal mesmo ao lado da horta do tio, onde se distinguem na noite escura algumas árvores de fruto e lá ao fundo uma pequena casa de arrumos feita em madeira. Pensei na altura que esse seria um bom refúgio para nos abrigarmos. Poderíamos lá esperar escondidos por uns instantes e ver o que se passa. Era um bom plano, talvez. Mas a nedo acabámos por decidir que teríamos de continuar, e de seguir em frente, pois voltar pelo mesmo caminho e passar junto ao cemitério seria arriscado e estava agora completamente fora de hipótese. Não, vamos até lá acima e depois podemos descer o monte pelo outro lado e seguir pelo campo, pela direita, em direcção à aldeia. 
Seguimos então meio calados e meio á pressa pelo monte acima. Lembro-me que ouvia as batidas do meu coração bem fortes, como se o tivesse mesmo junto ao ouvido, e senti que ouvia os outros três corações, batendo em uníssono num ritmo perturbador. Seguíamos bem junto uns dos outros, mudos, o nosso pensamento ocupado, tentando raciocinar em condições e encontrar em nós alguma explicação para o sucedido. Mas não encontrávamos resposta. Era em vão. 
Rapidamente chegamos junto às árvores. Frondosos eucaliptos, altos e muito juntos entre si. O chão sob eles estava repleto de folhas secas que impediam o silêncio dos nossos passos. Decidimos abrandar um pouco, não só para evitar o barulho que causava o nosso andar, como também para recuperar o fôlego e respirar um pouco de alívio. Afinal já tínhamos andado bastante e sentimos que estávamos já longe do local onde “aquilo” se passou. Abrandámos o passo, mas não parámos de andar. As árvores afunilavam agora a nossa marcha e cedo fomos obrigados a seguir em fila, uns atrás dos outros. A lua estava agora mais intensa, brilhante á nossa frente, surgindo nos raros espaços deixados pelo arvoredo. Era como uma película, um filme daqueles em que as várias sequências são intercaladas por múltiplos cortes a fundo preto. 
Íamos tão juntos uns dos outros que de vez em quando pisávamos os calcanhares de quem ía à nossa frente, o que dava motivo suficiente para retomar nosso riso e boa disposição. Estávamos a viver algo irreal, inexplicável. A par disso estávamos cansados e sobretudo incrédulos e apavorados. No entanto era indisfarçável o sentimento incontido de aventura e de máxima adrenalina. Emoções fortes. Aos poucos libertámo-nos do medo e do silêncio que nos prendia e retomámos alguma calma, trocando a espaços alguns risos e palavras. Estávamos agora completamente envoltos pelas árvores e pela escuridão e continuávamos caminhando em fila, rumo ao cimo do monte. Já não falta muito, pensei. De súbito, um enorme clarão surgiu do céu e incidiu sobre nós. Só tive tempo de ver um foco de luz branca sobre as árvores, por cima de nós. E logo se apagou. Tudo se apagou. No segundo seguinte abri os olhos. Olhei então à minha volta e não soube reconhecer onde estava. Só sei que estava só, desprotegido, cheio de medo, no meio do nada. 

(continua…)


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Do outro mundo (parte 2)


Com nosso andar apressado eis que chegamos junto do cemitério, que nos surge em realce, suspenso, quase como uma aparição. Sempre esteve ali, é certo, mas as suas paredes exteriores reflectem o sol que sobre elas incidiu durante todo o dia, conferindo-lhe agora uma luz suave e ténue, como se uma aura branca e cintilante o envolvesse ainda mais em mistério. A sua porta, gradeada no topo e de ferro e negra como fumo, contrasta agora nitidamente com as altas paredes brancas que a seu lado a sustém, e através dela, sobre as campas e gavetões, distingue-se um ligeiro fogo fátuo, como se de um pó púrpura se tratasse, pairando em desalinho sobre a imensa mansidão do lugar. 
Duvido se sozinho conseguiria ali estar naquele momento. Duvido, embora estivesse habituado a lidar com a morte de uma forma natural. Lembro-me sempre de um tio meu que todas as manhãs por lá passa antes de ir para a horta e vai dizer bom dia aos meus avós e restante família. E com eles fala do tempo, dos filhos quando vêm, do almoço que vai fazer com as couves da horta, enfim… fala por longos e animados minutos como se seus parentes estivessem ainda vivos e ali à sua frente. Habituei-me a ver isso desde miúdo e assim o faço hoje e sempre que os visito. Falo com eles. Lembro-me também de um rapaz de um monte ali perto que, órfão de pai e mãe, vinha todas as noites descendo com sua motorizada até ao cemitério, saltava o muro lá para dentro e passava grande parte do serão com seus pais falecidos. Porque o amor tudo vence. Ou até a história recente de uma velhota que lá ficou fechada por uma noite inteira e surpreendeu um caçador que por lá passou de madrugada e ouviu uma voz lá de dentro a pedir ajuda e com o susto que apanhou já não foi caçar nesse dia. E a velhota ainda é viva. 
Mas claro que a noite tudo transforma e as sombras que ela traz e as histórias que ouvimos ou que vemos no ecrã conferem ao cemitério e às coisas do oculto toda uma envolvência e misticismo que transforma facilmente a minha naturalidade em medo, pânico, ou porque não dizê-lo, terror. 
Mas não estava sozinho. Felizmente não estava só, e pude assim contemplar aquela rara beleza que também existe nos lugares e nas coisas que mais receamos. Ali ficámos por largos momentos junto ao portão, apreciando de relance o interior do cemitério, enquanto puxávamos de mais um cigarro amarrotado do bolso das calças e continuavamos a nossa conversa, que tinha mudado de tema e era agora sobre o hotel de luxo que um dia gostaríamos de construir em Santana, para a família toda viver, com 20 andares e piscina olímpica com vista para o grémio. – Epá, isso é que era! 
Facilmente nos esquecemos assim do barulho perturbador que ouvimos minutos antes, enquanto descíamos para o cemitério. A conversa retomou calmamente, os cigarros apagaram-se no chão e seguimos então deixando o cemitério à nossa esquerda em direcção ao imprevisto. 

(continua…)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Do outro mundo




Era uma noite de lua meio cheia e meio apagada por um céu vivo de estrelas que com sua licença lhe tiravam o brilho. Era uma noite já meia noite e dali se observava o meio da aldeia ao longe, com a torre da igreja ainda iluminada desde as festas e mais duas ou três casas ainda despertas de gente. Pouco mais se distinguia do casario além das luzes difusas alumiando em largos espaços as poucas ruas de Santana de Cambas, desde o poço no poente até ao cemitério a nascente, lá bem no fundo de tudo, para lá da aldeia. Soava bem perto o canto vibrante dos grilos e das cigarras nos campos destapados, contrastando com um suave burburinho de gente ainda no adro a essa hora, e que ecoava ondulante e disperso por todo o vale. Para nós era silêncio e calma e contemplação. Era a beleza das coisas simples. Era uma noite de mais um dia quente de Verão. E seria no fim um dia que guardaríamos na memória para todo o sempre.
Éramos miúdos armados em homens, nos seus verdes anos de vida. Éramos quatro miúdos com muito tempo nas mãos e mais imaginação ainda, e lembrámo-nos nesse dia de ir passear pela noite quente, o que não era, aliás, nenhuma ideia primeira. Éramos miúdos mas já muito rodados nessas coisas de caminhar pela noite. Era normal nos dias de festa das povoações em redor fazermo-nos a pé pelos caminhos, cantando e assobiando pelo alto de Santana, seguindo pela margem da estrada para Moreanes ou até pelo campo, quando íamos para as festas dos Bens ou dos Salgueiros, rasgando a roupa pelos arames farpados e chegando aos bailes sempre com ar de maratonistas. Mas íamos a todas. E a pé.
Voltando a essa noite e ao destino do nosso passeio: a ideia dessa vez nem me lembro ao certo de quem ou de onde partiu, mas veio puxada numa nossa conversa de miúdos feitos homens, ali no poço Carvalho, onde passávamos grande parte do tempo das nossas noites na aldeia, e onde estávamos sentados, pouco tempo antes de tudo o que se passou depois. O relógio da igreja marcou a hora com suas doze badaladas e marcou também o compasso ritmado dos nossos corações e o início da nossa caminhada. Tinhamos deixado o poço atrás de nós e a escola mal iluminada estava agora à nossa esquerda, quieta e muda, como quase toda a aldeia. Virámos depois à direita e seguimos junto ao muro que ainda era de pedra, em direcção à travessa do Moleiro, que ainda nem tinha esse nome. Estávamos estranhamente calados, não sei se por falta de conversa ou se por respeito ao silêncio e escuridão que se fazia sentir pelo caminho e nos contagiava a mudez. Uns cães vadios, cheirando-lhes a movimento, vieram ao nosso encontro e acompanharam-nos por dois ou três passos, voltando depois a deitar-se aborrecidos no meio da rua onde estavam. Ainda o silêncio. Chegando à rua grande continuámos pela direita, deixando logo depois o casario e descendo em passo largo até ao cemitério. Ao longe algumas luzes de Espanha picotavam o horizonte entre a bruma e o céu luminoso. Era mais céu do que terra, mais estrelas que candeias. Pedaços de água brilhavam entre os cerros despidos por onde passa a ribeira, e morcegos bailavam em transe sobre as luzes do caminho.
Foi então que, aqui e ali, um ligeiro resfolhar se foi ouvindo pela noite e nos fez sentir que não estávamos ali sozinhos. Sentimos no momento que alguém, ou algo, estava a acompanhar-nos no nosso passeio. Ouviu-se então um ruído ainda mais intenso e perturbador, vindo lá do alto, à nossa esquerda, como se alguma coisa se dirigisse em grande velocidade na nossa direcção. Instantes depois, de novo o silêncio. Absoluto. Nada. Estarrecemos de imediato e, meio assustados, trocámos entre nós um olhar incrédulo. Quem andará aí? Lembro-me que nem sequer comentámos mais nada entre nós. Assim como parámos, logo retomámos nosso andar apressado e também nossa conversa sobre as miúdas giras que estavam no baile do outro dia e também sobre aquela música do Fabião que não nos sai da cabeça. Foi como se não fosse nada. A verdade é que estávamos juntos, unidos por uma verdadeira irmandade de já muitos anos, e isso bastava para nos sentirmos contagiados com a coragem invisível de cada um de nós. Além disso, pensámos para nós mesmos, estamos em Santana, que raios poderá acontecer aqui? Nada. Deste mundo, nada. E estávamos tão certos disso que não demos nenhuma importância aos primeiros sinais do que nos iria acontecer. Acabámos afinal por ter toda a razão: o que nos aconteceu depois não foi mesmo nada deste mundo.

(continua...)

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Na escola




Hoje em dia tudo é bem mais complicado: a indisciplina, a violência e o insucesso escolar são contantes preocupações para um pai. Encontrar uma escola livre desses males é por vezes uma tarefa bem complicada e, claro, nada disso depois nos é garantido. Claro que não. Os manuais, sebentas e lápis de carvão deram hoje lugar às dezenas de livros que se têm de comprar, com centenas de euros, no início de cada ano (e será que as crianças dão mesmo aquilo tudo nas aulas?), o que nos obriga a uma ginástica orçamental cada vez mais exigente. Com os livros vêm ainda todos os outros gastos com o restante material escolar: os lápis e canetas e lapiseiras e borrachas de mil cores, numas mochilas coloridas com o boneco do momento, mais réguas e esquadros de todos os tamanhos e feitios, cadernos iguais às mochilas, mais agora o Magalhães e todos os seus derivados, e tudo novinho de ano para ano (e sei que me estou a esquecer de muita, mas muita coisa mesmo). Afinal a escola hoje é Conhecimento e Saber, mas também é um grande negócio para muita gente. Menos para os pais, claro.
Veio agora a gripe A, que apesar de tanto alarido, felizmente não é tão grave quanto parece. Ou pelo menos preferimos pensar assim, para passarmos os dias mais tranquilos e não pensar muito nisso e nos outros riscos que as nossas crianças têm nas escolas. Mas que os há, há.
E também os havia antigamente. Mas noutros tempos, a indisciplina era tratada com a palmatória ou castigo menos severo no canto da sala. Um chapéu de orelhas de burro, umas reguadas ou uns puxões de orelhas. Hoje isso é proibido, pois ou é violência ou discriminação. E até que havia violência entre crianças nos recreios, durante o intervalo, mas não era nada destas coisas de wrestlings e kung fu e armas brancas. Nem sequer se podia chamar de violência. No meu tempo, alguns anos depois, era assim. Era mesmo todos à molhada, aos empurrões e à estalada, e no final tudo estava bem de novo, à excepção de uns rasgões nas roupas e no corpo. Bem, e ao chegar a casa é que eram elas… Mas nada de muito grave acontecia.
Insucesso escolar também havia, claro, e muito mais do que hoje. Havia o trabalho no campo ou em casa, haviam as dificuldades que haviam e além do mais a escola não era assim tão importante como é nos dias de hoje. Pelo menos pensava-se assim. Era mais necessário ter algo para comer do que um livro para estudar.
Bem, muita coisa mudou, mas a verdade é que quando penso e imagino uma escola primária, vem-me sempre à lembrança a escola de Santana de Cambas. Porque é linda. Mesmo hoje, algo diferente, com uma vedação a toda a volta, mas remodelada e com melhores condições para as crianças (porque felizmente as há, ao contrário de há uns anos), conserva em si os seus traços de antigamente e traz ainda à lembrança os nosso tempos de criança, e os tempos idos de nossos pais (Olá mãe!). Tudo se conserva ali, como nesta foto que aqui deixamos hoje, no nosso baú de recordações.


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Futebol




Esta manhã, tal como em quase todas as manhãs, reparei que as capas dos jornais enchem-se de um tema que curiosamente ainda não tínhamos falado aqui: o futebol.
O futebol faz parte integrante da nossa sociedade, e é um dos grandes impulsionadores de alegrias, de esperanças, de frustrações e desilusões também, que inconscientemente se trazem para fora das quatro linhas e moldam o nosso humor e temperamento para com os outros no nosso dia a dia. Quem não teve já de aturar um chefe zangado e mal disposto na 2ª feira de manhã, por o seu grande Benfica ter perdido? Ou o colega do lado, apático e triste, por mais um empate do seu Sporting? Ou até mesmo o senhor do café onde costumamos ir, que nos trata mal porque o seu Porto está a passar por uma crise? O que para uns é uma doença, para outros é uma cura, mas a verdade é que só para muito poucos o futebol se torna indiferente.
Ora este pensamento deixou-nos algo curiosos acerca da cor clubística que predomina na nossa família. Será que a maioria anda feliz e contente porque o glorioso Benfica está lá no topo? Ou andará triste, mas com a esperança sempre acesa e a pensar que o seu Sporting ainda lá chega ao topo? Ou andará com o orgulho ferido, pois o seu tetra campeão afinal é uma treta?
Digam de sua justiça, respondendo à sondagem que se encontra disponível aqui no nosso blog.


Cante Alentejano

Para todos os amantes do cante alentejano, e até mesmo para amigos e simpatizantes, aqui fica este site para ouvir, cantar, e recordar por mais:

http://cantaresalentejanos.com.sapo.pt/


Votos de uma boa semana,
A Geração Valente

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Abram alas ao... Sebastião!





Hoje o Sebastião Valente Martins cumpriu o sonho de há já alguns anos: passou no exame de condução e é já um "encartado"! É por isso dia de festa!!
Há coisas fantásticas, não há?
Um abraço forte de Parabéns, e até já!
Vruum Vruum!

domingo, 25 de outubro de 2009

Ainda os sufrágios

E a nossa família esteve também em particular destaque nestas eleições. Os sinceros parabéns da Geração Valente ao nosso primo Francisco Paulino, pela sua brilhante vitória em Faro.

Esmiuçando os sufrágios

No rescaldo do período eleitoral que agora finda, e sobretudo para quem está mais distante e se quer manter informado, eis os resultados das eleições autárquicas para a assembleia de freguesia de Santana de Cambas:















terça-feira, 20 de outubro de 2009

Chiribiribi

Podia estar muito bem no seguimento da rubrica "Família em destaque", mas a verdade é que há sempre muito para dizer sobre ele. Com certeza que todos aqueles que o conhecem dele se lembram muito amiúde, sobretudo em momentos de muito boa disposição. Falo do Sebastião Valente, e da sua viola, sua eterna companheira. Hoje lembrei-me dele de novo, como já tantas vezes, ao dar comigo a cantarolar uma música "daquelas" que o "nosso" Sebas já eternizou. E como na internet se encontra sempre tudo, cá está ela:




Nota: Para quem pensava que esta música era um original do Sebastião... Não se deixe enganar! Com certeza que estes moços espanhóis foram a Santana a um baile (no século passado... ou melhor, há muitos e muitos anos, quando o mundo era a preto e branco) e levaram o "êxito" do Chiribiribi para além fronteiras. E cá entre nós... a versão do Sebastião é bem melhor, hã?
Bem, ou então não...

De Paris com saudade,
A Geração Valente

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Filhos do Guadiana

É agora altura de criarmos neste blog o tópico "Família em destaque", em que iremos tentar  dar principal relevância a pessoas da família que, nas diversas áreas da nossa sociedade, se vão evidenciando pelo seu esforço, iniciativa e dedicação em prol de um bem comum, de uma obra comunitária ou da preservação de importantes valores sociais ou culturais,e que se tornam, por essas boas razões, motivo de  particular destaque e dignos de aqui serem enaltecidos.
Neste primeiro post sobre este tema, queríamos aqui saudar e homenagear António Valente Martins, pelo seu empenho e activa participação em Santana de Cambas na vertente social, mas mais especificamente congratulá-lo pela sua última "obra": O Cante vai à Escola. É ele o professor,  mentor e maestro de um grupo coral infantil intitulado "Filhos do Guadiana", constituido na sua totalidade por crianças do ensino primário da freguesia de Santana de Cambas, e que pretende assim dar-lhes a conhecer, através do cante alentejano, um pouco da cultura e das tradições do nosso antigamente, enraizadas na poesia e sonoridade do nosso Cante. Pretende ainda transmitir o gosto e a arte do cante alentejano às gerações vindouras, para que não se perca com o tempo esse enorme valor que é nosso património cultural imaterial e um dos maiores legados do nosso Baixo Alentejo.
O grupo coral "Filhos do Guadiana" teve sua primeira aparição no Festival do Peixe do Rio no Pomarão, no ano passado, e conta já inúmeras apresentações públicas em festas e eventos da região.
Para o António Valente Martins, o nosso grande bem haja.

Por fim, aqui fica então um pouco do espectáculo dado por estas crianças, nas festas da aldeia. em Julho deste ano:





quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Irregularidades em Santana de Cambas

Continuando neste sinuoso e perigoso fio da navalha que é a política, e porque nem tudo podem ser só boas noticias, chamou-nos a atenção esta notícia sobre eventuais irregularidades na gestão da autarquia, ocorridas no período que agora finda:

"A concelhia de Mértola do PS revela, em nota de imprensa, uma denuncia do Tesoureiro da Junta de Freguesia de Santana de Cambas. Na nota, enviada à Rádio Pax, pode ler-se que “o Tesoureiro da Junta de Freguesia de Santana de Cambas, Mértola, denuncia e prova com documentação, que o actual Presidente da Junta de Freguesia, senhor José Rodrigues Simão e candidato a vereador da Câmara Municipal, praticou actos menos próprios, censuráveis e ilegais como Presidente da Junta de Freguesia (…)”.

Para ler a notícia completa, clicar aqui.

Fonte: Radio PAX, e Blog mertola-concelho.blogspot.com.

Baptismo de voo para idosos

Tudo bem, sabemos que é época de eleições e tudo vale para conquistar votos... Mas iniciativas destas dão que falar e devem por isso ser aplaudidas, seja em que altura for. Pois na semana passada a Câmara Municipal de Mértola organizou um baptismo de voo para os idosos do concelho, incluindo pois claro algumas pessoas de Santana de Cambas. Foi uma viagem aérea de meia hora entre Lisboa e Faro. É pouco, soube a pouco com certeza, mas como diz a reportagem abaixo, é só meia hora de viagem mas é muito mais tempo na memória.

Vejam aqui a reportagem na íntegra:

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Vou-me embora, vou partir.



Mais uma foto que nos chegou e já faz também parte do nosso baú de recordações. Será talvez uma fotografia de despedida, do marinheiro que vai partir e assim se despede da sua família, dos que lhes são mais queridos. Ah... Valente marinheiro. Valente!

Fica, como não podia deixar de ser, a música que ajuda a fazer sentido à imagem.



sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Verão Azul

Chove lá fora. Adivinham-se já suas gotas espessas e frias, como lágrimas de um Verão prestes a despedir-se de nós. Em breve a chuva chega e vem para ficar. Em breve o frio aperta, o vento sopra, as folhas caem, os pássaros recolhem, a lareira se acende e nos livra de um frio que só depois o Natal aquece. Eis então que chega, de novo, a Primavera. Os primeiros raios de sol, as searas ondulando como mar, os aromas da terra e das cores, as andorinhas bailando com o céu, as folhas que renascem e as flores que se colhem, em constante e natural renovação.
Nossas vidas são como as estações do ano: elas se renovam de tempos em tempos, de gerações em gerações, sempre em perfeita harmonia e equilíbrio. Porque há sempre um Verão que nos fortalece e alegra, um Outono que nos esmorece e enfada, um Inverno que nos conforta e abriga, uma Primavera que nos renasce e dá vida. Porque no final de cada ciclo fica em nós esta vontade renovada de renascer, de viver mais um ciclo da vida, de podermos passar mais umas estações desta vida, onde sempre soubémos ser felizes. É essa a força da vida que gera vida.

Bem, a verdade é que apesar disso já tenho saudades do Verão. Deste Verão que já passou e de todos os outros Verões das minhas já muitas (hum.. algumas) Primaveras. Recordo este com nostalgia:




Com os votos de um bom fim de semana e, já agora, um bom Outono para todos.
A Geração Valente.


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Corte e costura

E cá está mais uma janela aberta para o antigamente. Esta fotografia terá bem perto de 50 anos e reúne as alunas de um curso de costura em Santana de Cambas, na altura patrocinado pela Singer (mais do que a memória, o carro não engana). A Maria Teresa está bem ao meio da foto, sentada no chão. Reconhecem mais alguém? (clique para ampliar)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

... E os noivos?

Esta é das tais fotos que, se ninguém nos disser, não adivinhamos mesmo a identidade da maior parte destas pessoas. Mas sobretudo o que nos desperta a atenção é: qual será mesmo o motivo pelo qual estão reunidas? Estaria o Gomes com promoções ou de "bar aberto" nesse dia? Hum... isso parece-nos impossível. Mas até se vê um garrafão de vinho a posar para a foto em sinal de celebração (pedimos desculpa se, afinal, for sumo). Mas... e então os noivos? Enfim, aqui fica o pedido, para quem souber os detalhes desta foto, que nos diga alguma coisa, pois gostaríamos de saber a história atrás desta bela imagem de há 30 anos atrás.
Nota: na foto consegue-se vislumbrar o Sebastião Valente Martins, mesmo apesar de ele não ter consigo a sua inseparável viola. Bem... e a verdade é que a sua farta cabeleira de então também dificulta o seu actual reconhecimento.
Com os votos de uma boa semana,
A Geração Valente

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Matança do porco


Continuando a matar saudades dos tempos e das gentes de outros tempos, aqui está mais uma fotografia já longínqua e que retrata uma tradição que, mesmo com outros personagens, dificilmente será repetida nos dias de hoje. A foto não está em muito bom estado, mas mesmo assim dá para descobrir os rostos de alguns dos nossos familiares.

sábado, 29 de agosto de 2009

Mais família

Estas fotos já antigas foram-nos gentilmente enviadas pela Susana Valente (filha do Arnaldo Valente) e retratam dois casamentos de nossos familiares: O Manuel Valente (na 1ª foto) e o Armando Valente (na 2ª foto). Na primeira foto está todo o ramo da família na altura, com o António e a Palmira Valente. Na 2ª foto, tirada alguns anos depois, a família já se encontrava bem mais completa, faltando no entanto em ambas as fotos o António Valente (do café Santana) e sua esposa Maria de Jesus. É verdade que grande parte das pessoas presentes em ambas as fotos já não se encontram, infelizmente, entre nós. Por isso mesmo faz ainda mais sentido recordá-las aqui, em jeito de homenagem.




Um grande bem haja à Susana, e obrigado pela contribuição.
Até já,
Geração Valente

terça-feira, 18 de agosto de 2009

As moças, os moços, e o burrito

Esta é mais outra foto que encontrámos no baú de família. Bem antiga, terá uns 45 anos... por aí. É do tempo da outra senhora, como se costuma dizer... ou de quando havia mais burros que automóveis.
Fica então para a posteridade esta foto: a juventude de outrora, no alto de Santana.

Baú de recordações


Deixamos aqui mais esta fotografia com alguns aninhos, e com um beijo e um carinho muito especial para a nossa família nos Estados Unidos.

Museu do Contrabando na SIC

A SIC esteve na aldeia o mês passado, na sequência da inauguração do museu do contrabando em Santana de Cambas. A reportagem deu no Primeiro Jornal do dia 03 de Agosto de 2009, e poderá vê-la na íntegra clicando aqui.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O carrinho de rolamentos


E no baú de recordações encontrámos também esta fotografia. Terá cerca de 25 anos, e um pormenor engraçado é ver no canto direita da figura o saudoso carrinho de rolamentos, feito pelo nosso avô e que muito nos fazia chorar, de alegria mas de dor também, quando nos armávamos em Nelson Piquet acelerando pela estrada abaixo, desde a rua grande até ao cemitério. Subir é que era uma chatice...
Conseguem identificar os moços e moças que estão na fotografia?

Mais palavras para quê?

Tínhamos prometido deixar aqui umas fotos das festas de Santana, mas a verdade é que este ano as festas até tiveram direito a reportagem. Está tudo (bem) feito e prontinho para quem quiser ver ou rever as festas, no site da Casa do Povo. Mais palavras para quê? É só clicar aqui.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Baú de fotografias

Resolvemos abrir o baú de fotografias:


Conhecem? Esta foto terá mais de 35 anos...
Há muitas mais no baú... que vamos colocando aqui de quando em vez.
Saudações, até breve!

De pequenino...



São estes os mais novos representantes da família nas festas deste ano.
"É de pequenino que se começa a gostar da aldeia".

Sabe sempre a pouco.

Pois é, e já se passaram as festas da aldeia. Sabe sempre a pouco, muito pouco, e por muitos anos que passem é sempre difícil não esconder aquela pontinha de tristeza, como que um nó na garganta, quando chega o domingo e a hora de abalada.
Para quem não esteve presente, assim vos digo que foram umas grandes festas... apesar de curtas. Ou melhor, foram curtas mas grandes. Primeiro que tudo, confesso que tenho saudades de algumas coisas do antigamente... Ai as festas de antigamente... Lembro-me da torre da igreja sempre iluminada, e que fazia a nossa terra ainda mais linda... e tão bela para quem a vê ao longe... Lembro ainda o fogo de artifício (ou apenas a alvorada com morteiros, já seria bom de ouvir), mas que agora é proibido. Lembro-me da mítica largada de vacas na rua da escola e não só (e já lá vão tantos anos... alguém se lembra?), recordo as provas de atletismo até à santinha, as corridas de sacos, as peladinhas de solteiros contra casados (pois é, e agora onde era o saudoso campo de futebol existe agora uma rua inteira, com casas e tudo!). Até dos saltos de paraquedistas me lembro ainda...
Lembro-me também, aquando da procissão pelas ruas da aldeia, que toda a gente punha uma colcha nas janelas para engalanar o evento... e os automóveis eram religiosamente (desculpem o termo...) retirados das ruas por onde passava a romaria, para evitar afunilamentos, mas sobretudo em sinal de respeito pelos santos e seus fiéis. Outros tempos...
Enfim... eram tempos de vacas gordas, ou melhor, de quando havia vacas. Hoje tudo é diferente, umas coisas estão melhores, outras estão piores, outras já não existem sequer. A aldeia está bem mais bonita, com suas ruas arranjadas, com cada vez mais casas reconstruídas, pintadas, vivas, e com gente. É bom ver o museu no adro (um museu na aldeia... alguém pensou que um dia isso iria acontecer?) e a casa do povo arranjada, com muitos serviços e muito activa, com internet wireless (uái quê? wireless, sem fios!) onde se pode aceder a toda a hora.
Sei e confirmei que se vai fazendo o que se pode, e até o que não se pode, para trazer à aldeia a festa e a dignidade que ela merece, não só nestes dias, mas durante o ano inteiro. Pegando numa frase muitas vezes ouvida por lá e não só: "o artista é um bom artista". Mais digo que os artistas foram uns bons artistas: os artistas da festa e sobretudo os artistas que a fizeram.
Bem, e para o ano há mais: faltam 362 dias.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Já se vê a cabeça dela!

Recordo com alguma nostalgia esta frase que meu pai nos dizia, sempre que estávamos chegando a Santana. Quase chegando, depois de uma longa e penosa viagem, quando o carro passava o cruzamento da Moreanes, era lá do alto, uns metros mais à frente, que se avistava a torre da igreja:
- Olhem, já se vê a cabeça dela!
Emoção. Meu coração disparava em seguida, de tanta ansiedade e vontade de chegar. De olhos bem abertos, tentava a todo o custo ver pela janela do carro a aldeia de Santana de Cambas, por entre os altos e os baixos cerros e os altos e baixos da estrada. Queria abraçar Santana apenas com um olhar. E sentia que sim, na altura. Abria então a janela e respirava com um sorriso rasgado o ar do caminho.
Muitos anos se passaram. O meu pai continua talvez a dizer essa frase sempre que vai chegando à aldeia. Diz para a minha mãe, a seu lado, ou apenas murmura para só ele ouvir. Acredito que é assim.
Nestes anos todos acho que nunca me esqueci de lembrar esta frase. Disse-a para mim mesmo muitas vezes, quando viajava sozinho para Santana, e digo-a agora, enternecido, à minha mulher e ao meu filho. Meu filho di-lo-à, de certeza, daqui a uns anos, com a mesma alegria e ansiedade:
- Olha pai, já se vê a cabeça dela!
E vai querer, como o pai, sair logo do carro à entrada da aldeia e ir a pé pelas ruas. Depois, horas depois, lá terei de o procurar pela aldeia, pois esquecer-se-à que são horas de jantar...
Porque há coisas que nunca mudam. A chegada a Santana aperta-nos o coração e aumenta-nos em felicidade. Assim foi no passado, assim é agora e creio que será sempre assim.
Amanhã parto para Santana. Amanhã direi enfim, com toda a alegria deste mundo:
- Olha filho, já se vê a cabeça dela!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Museu do Contrabando em Santana de Cambas

Para quem anda desactualizado:

Foi inaugurado no passado dia 10 de Junho o Museu do Contrabando em Santana de Cambas.  Localizado no antigo edifício da Autarquia, o museu deseja ser repositório de um manancial de informação, sobretudo oral, que importa salvaguardar e divulgar. O museu foi criado com o objectivo de mostrar uma parte da história da Freguesia, mas também para aproveitar o seu património histórico e cultural como um recurso que poderá trazer riqueza e desenvolvimento.

Fonte: www.mertolaonline.com

Acrescento que é o primeiro museu deste género em Portugal.  Merece por isso, e também porque representa uma boa parte da nossa história, uma visita atenta.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Santana de Cambas: Freguesia tem "meia" Igreja

Alentejo: Padre reza missa num concelho para fiéis sentados noutro

Numa povoação alentejana dividida por dois municípios, a “velhota” Patrocínia Guerreiro entra em casa em Serpa e sai pelas traseiras já em Mértola e o padre reza a missa num concelho para fiéis sentados no outro.

“A minha casa é especial. A porta da frente está no concelho de Serpa e a de trás já está no de Mértola”, contou à agência Lusa e entre risos a idosa, de 74 anos, que mora numa das casas construídas em cima da linha que traça a divisão administrativa entre aqueles concelhos do distrito de Beja e que atravessa a povoação de Vale do Poço.

Encostada à Estrada Nacional 265 e a poucos quilómetros da aldeia da Mina de São Domingos, a povoação, com cerca de 100 habitantes, estende-se por seis hectares, metade dos quais pertence à freguesia do Salvador, no concelho de Serpa, e a outra à de Santana de Cambas, no de Mértola.

Sentada na cozinha, onde passa “a maior parte do tempo” entre bordados, “a entretenga dos dias”, Patrocínia confessou que “nunca viu a partilha da casa”, que está registada e paga contribuição autárquica em Serpa, mas “desconfia” que “a salinha de estar, que dá para a frente, deve ser Serpa”, a cozinha, no meio, deve ser “a fronteira”, e “o quarto, que dá para as traseiras, já deve ser Mértola”.

“Ao que parece”, Patrocínia, antiga “mulher do campo” que vive sozinha e “anda sempre bem-disposta”, entra em casa pela porta principal ainda no concelho de Serpa, cozinha e come “na fronteira”, mas dorme e sai pelas traseiras já no de Mértola.

A poucos metros da casa de Patrocínia, a capela de Vale do Poço, inaugurada em 2001, também foi construída em cima da linha da divisão administrativa entre os dois concelhos e, apesar de estar “quase toda” na freguesia do Salvador, “tem o altar na freguesia de Santana de Cambas”.

Por isso, “é costume dizer-se, em jeito de brincadeira, mas com um fundo de verdade”, que, em Vale do Poço, “o padre reza a missa em Mértola para os fiéis sentados em Serpa”, contou à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Santana de Cambas, José Rodrigues.

A Capela de Santo António faz parte da paróquia de Santana de Cambas, mas é servida por dois padres, um de Serpa e outro de Mértola, que rezam missa, uma vez por mês cada um, e prestam assistência religiosa a baptizados, casamentos e funerais, “conforme são chamados pelas pessoas”, disse à Lusa Hortênsia Ramos, 77 anos, uma das mulheres da povoação que “cuida” da capela.

Num regresso ao passado, José Rodrigues justifica a “particularidade” de Vale do Poço, contando que a povoação “cresceu à volta” de duas fábricas de moagem de cereais que se instalaram na zona, no início dos anos 30 do século XX.

Em pleno Estado Novo, durante a Campanha do Trigo (1929-37), as fábricas, “para fugirem ao imposto que tinham de pagar quando transportavam cereais de um concelho para outro”, “instalaram-se de propósito em cima do risco da divisão administrativa e com uma porta para o lado de Mértola e outra para o de Serpa”.

Desta forma “engenhosa”, frisou José Rodrigues, “as fábricas moíam e serviam de trampolim para passar os cereais de um concelho para o outro sem pagar impostos”.

Para os habitantes, a “particularidade” de Vale do Poço “tem sido mais vantajosa do que prejudicial”, frisou o autarca, referindo que a povoação “foi a primeira dos concelhos de Mértola e de Serpa a ter saneamento básico e ruas alcatroadas”.

Graças a um entendimento entre os autarcas, alcançado em 1997, a Câmara de Mértola instalou a rede de abastecimento público de água e de esgotos e a de Serpa fez os arruamentos, lembrou José Rodrigues, acrescentando que há seis anos as duas autarquias organizam também em conjunto uma feira anual transfronteiriça.

Apesar de os autarcas das duas câmaras e das duas juntas serem de forças políticas diferentes, “o entendimento é perfeito”, garantiu José Rodrigues (PCP), corroborado pelo presidente da Junta de Freguesia do Salvador, Mário Apolinário (PS), que, frisou, “a administração de Vale do Poço é feita em parceria” e “as obras necessárias, sejam em que freguesia for, são feitas em conjunto”.

A obra mais recente, que permitiu recuperar, em 2005, os balneários públicos e construir a “casinha de espera do autocarro”, situadas à entrada da povoação, “foi feita com materiais cedidos pela junta do Salvador e com mão-de-obra paga pela de Santana de Cambas”, exemplificou José Rodrigues.

Apesar da naturalidade e da residência, salientou José Rodrigues, “a maior parte das pessoas virou-se para Serpa”, porque “fica mais perto, tem melhores serviços de saúde e mais oferta de serviços” e devido à “facilidade de transporte”, já que “há dois autocarros por dia entre Vale do Poço e Serpa e apenas um por semana para Mértola”.

Em Vale do Poço, com ruas sem nome e casas sem números de porta, foram criados 118 apartados, metade para os habitantes de cada freguesia, mas todos com código postal de Serpa, que distribui o correio.

Uma situação que “tem causado alguns inconvenientes” aos habitantes, sobretudo aos de Santana de Cambas, quando apresentam atestados de residência passados por aquela junta de freguesia de Mértola, mas com morada com código postal de Serpa.

“As pessoas lá têm que explicar a particularidade de Vale do Poço”, disse José Rodrigues, referindo ainda os “inconvenientes” dos habitantes de Santana de Cambas quando vão ao Centro de Saúde de Serpa.

“São atendidos, mas há sempre o problema da freguesia, que pertence a Mértola”, disse, referindo que “o ideal seria a povoação estar num só concelho”.

“Mas isso implicaria fazer um referendo para saber em que concelho os habitantes gostariam de ser integrados e, depois, mexer na linha de divisão administrativa entre os concelhos para Vale do Poço ficar só num”, disse, admitindo que “a maior parte das pessoas e os autarcas não estão muito receptivos à ideia”.

“Resta-nos, como até agora, ir gerindo o melhor possível a particularidade de Vale do Poço”, que “já se tornou indiferente para os habitantes, que estão de tal forma habituados que nem ligam”.

“Fazemos de conta que somos todos do mesmo concelho. Olhe, somos todos de Vale do Poço”, remata Patrocínia Guerreiro, que vai continuar a “passear” entre os concelhos de Mértola e Serpa sem precisar de sair de casa.

Fonte: Agência Lusa – Setembro 2008

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Cartaz

E cá está o cartaz das festas de Santana 2009:

(clique na imagem para ver num formato maior)

Fonte: site da Casa do Povo de Santana de Cambas

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Aí vêm as Festas!

Faltam pouco mais de três semanas para as festas de Santana de Cambas.

Muitos há que contam ansiosamente os dias que faltam (e eu conto e digo: faltam só 24!).

Muitos até aguardam por ela o ano inteiro, o que se traduz numa incessante contagem de 364 dias. É como se o último fim de semana de Julho fosse o início e o final do ano no nosso calendário.

Outros há que, à distância, vivem esses dias com a nostalgia do passado e o pesar por não poderem estar presentes este ano, mas sempre com a esperança de, talvez quem sabe, poderem vir no ano que vem, se o destino permitir.

Lembro-me que, quando era criança, aí começavam os melhores dias do ano: as festas da aldeia representavam não só a alegria desses 3 dias, mas o início do longo período de férias (e que no final, vendo bem, é sempre curto!). Agora adulto, confesso que pouca coisa mudou. Nada mudou mesmo quanto à ansiedade:  claro que já não posso ir correr até à santinha na prova de atletismo no sábado pela manhã (acho que perdi a idade e ganhei a barriga) e não posso também participar na corrida de sacos (pelos mesmos motivos, mas mais pela barriga que pela idade). Resta-me talvez jogar uma partida de futebol (acho que aguento, pelo menos, 2 minutos à Cristiano Ronaldo), ou tentar ganhar um jogo no torneio da Sueca ou no tiro ao alvo… (para tudo neste mundo é preciso sorte e pontaria). Mas a minha ansiedade reside e permanece em tudo o resto: em participar em qualquer coisa, com barriga ou não, em contribuir para a festa, em dançar, em celebrar, em ver a nossa aldeia mais linda e remodelada de ano para ano, em ver e sentir a alegria da família e das gentes da terra, esta terra que nesta altura desponta em felicidade, sejam estes ou não uns tempos difíceis.

Não tenho ainda o programa das festas… (será que alguém pode enviar?) Mas não será com certeza muito diferente dos anos anteriores. Pelo menos assim espero: tal como no futebol, em equipa que ganha não se mexe. Serão certamente mais umas grandes festas, cheias de alegria e emoções que nos dão alento e força para o resto do ano. Para mais um ano inteiro.

Dias 24, 25 e 26 de Julho - Faltam 24 dias, portanto.

Para quem não puder estar este ano, ou para quem não sabe ainda como será, prometemos aqui contar-vos depois como foi. Certo é que sentiremos a vossa falta.

Com um abraço,

A Geração Valente

  

 

 

terça-feira, 23 de junho de 2009

Antigamente...

"… fugíamos da escola e vínhamos para aqui brincar para a linha... "

<<...>>

Eram uns rebeldes, estes moços…

Foto: Espaço de Apoio e Interpretação do Percurso Mineiro

Maio 2009 – Alto de Santana

domingo, 14 de junho de 2009

... E a minha aldeia é Santana.

Hoje descobrimos isto:



Dá para matar saudades. Lindo, não é?

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A nossa família no mundo

Muito por força dos tempos do antigamente, muita gente tentou num dia a sua sorte e partiu para outras paragens por esse mundo fora, deixando para trás os seus lares, os seus familiares, os seus amigos, o seu país e a sua terra natal. A nossa família não foi excepção, e muitos de nós partiram outrora, deixando o “nosso” Alentejo e levando com eles apenas a coragem e a esperança de um dia voltar, com o tempo. Tal como diz a ladaínha: “Vou-me embora, vou partir, mas tenho esperança…” Lá longe, os nossos parentes ganharam raízes, criaram a sua própria família e muitos por lá ficaram, até aos dias de hoje, embora nunca perdendo a sua origem, a sua identidade, a sua referência. Um sinal disso mesmo é ver que este pequeno espaço que é o nosso blog, embora ainda agora criado, já vai sendo visto regularmente além fronteiras, em Espanha, França, Holanda, Brasil (?) e Estados Unidos. Outro exemplo disso é esta página (http://theporto.com/) que nos enviou a Delfina dos Estados Unidos, e onde podemos ver os seus lindos netos, americanos sim, mas claramente muito Valentes.

É bom ver que nos tornamos úteis com algo tão singelo que é este nosso espaço, e como os laços e as distâncias se estreitam com um simples clicar numa página. Modernices, hein? A verdade é que resulta. Mesmo.

Com Beijinhos, Kisses, Besitos, e Bisoux a todos,

Muito obrigado por nos verem!

A Geração Valente.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Dia Internacional da Família

No passado dia 15 de Maio celebrou-se o Dia Internacional da Família. Não queríamos deixar passar esse dia sem quaisquer palavras, sobretudo neste ano em que “inauguramos” este blog da Geração Valente. Já passou uma semana, mas o tempo tem sempre o seu tempo. Com as devidas desculpas pelo atraso indevido, e porque faz todo o sentido, aqui ficam estas palavras que delicadamente dedicamos a todos vós:

 

Ter família é ter alguém.

É ser mais do que alguém: é sermos nós.

Uma mãe, um pai, seus avós, quem não tem?

Ou mesmo um colo, um parente que nos quer bem?

Só em família, mesmo a sós, não estamos sós.

 

Família é origem, berço, é irmandade.

É uma mão dando demão no nosso ser,

Traçando os nossos traços de identidade,

Família é quem sabe quem somos nós de verdade!

É quem nos ensina o amor, sua dor e seu prazer.

 

Família é harmonia, é a calma e a paz que se sente.

É colo materno, porto de abrigo, é terra natal.

Também é tristeza, mas poucas vezes presente.

Pois é chuva que passa, o sol brilha sempre.

Família é Vida, é tudo e mais nada. Amar é isso afinal.

 

Com os votos de um bom fim-de-semana,

A Geração Valente.

 

quarta-feira, 20 de maio de 2009

E o site que também faltava

Esta semana descobri algo muito interessante: afinal a Junta de Freguesia de Santana de Cambas também tem um site!

Decerto há quem o diga: Pois, e já tem há algum tempo…. Mas a verdade é que eu não sabia. Pois não.

É que, para mim, ter um site na internet não é apenas um endereço… Só para dizer que tem, e tal. Ter um site é ter um site actualizado, moderno, agradável, em movimento, e com muitas coisas belas e interessantes. E é a isto que me refiro quando falo de um “site”.

Pois repito agora então: A Junta de Freguesia tem um site na internet, todo bonito à espera que o visitem.

www.jf-santanadecambas.pt

Recomendado.

PS - Assim que oportuno, figurará ali em cima, nos favoritos deste blog.

Votos de uma boa semana,

Geração Valente

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Parabéns Sebas!

Parabéns Sebastião!

O que alguns acharam impossível, está feito: Passou mesmo o teste de código! E com grande mérito.

Eis a prova (e exemplo!) de que tudo se consegue na vida, basta nunca deixarmos de acreditar.

Agora já o estou a imaginar a acelerar nas curvas de Mértola…

Seus cabelos ao vento, numa mão a guitarra, e na outra o volante!

(a parte dos cabelos ao vento... não sei não… Agora já acredito em tudo! J)

Força Sebas! Já falta pouco.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A foto que faltava...

A pedido de muita família (ou melhor: da família!), cá está a prova da passagem de testemunho da organização. E aqui está o fotógrafo, também... claro.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Fotos IV

E por último... por enquanto.

(Clicar nas imagens para as ver em tamanho normal)




Fotos III

E ainda mais fotos...